quarta-feira, 28 de abril de 2010

RENASCIMENTO



Foi numa segunda-feira que chegou a notícia, um casal sem muitos recursos esperava a chegada de mais um filho, dois moravam com eles, outro com a avó e alguns com outros membros da família, já estava com sete meses de gestação aquela mulher que nem conhecia mas já me ligava a ela só pela notícia de que estaria interessada em encontrar um casal disposto a ficar com seu bebe .
Entramos em contato e foi amor a primeira vista, eu por ela e seu bebê no ventre e ela por mim de tão ansiosa para abraçar aquela vida que carregava. Os últimos meses consegui acompanhá-los e no dia 1 de abril, nasceu Lucas, com 3,180 Kg e 48 cm, um lindo bebê( o mais lindo que eu já vi) era meus sonhos e pedidos. Personificados num ser tão pequeno e de tamanha grandeza em nossas vidas.
Quando Lucas nasceu, precisou ficar uns dias no hospital para tratar de uma septisemia, a genitora tinha uma infecção urinária mal tratada, que passou pelo cordão umbilical e fez com que o Luquinhas ficasse 16 dias na UTI neo natal fazendo antibiótico,na UTI eu não poderia visitá-lo e fiquei sem poder vê-lo por alguns dias. A angústia pela sua recuperação e a vontade de tomá-lo nos meus braços me deixaram muito nervosa e vulnerável, mas estes sentimentos me fizeram buscar forças para esperá-lo firme e pronta para recebê-lo.
Consegui visitá-lo durante os últimos dias dizendo que era cunhada da genitora e que ficaria responsável pelas visitas já que ela morava longe e não poderia vir periodicamente. A primeira visita foi a glória, aquele bebê era mais que o sonho, tinha uma serenidade , uma luz interior que iluminava todo o lugar. “Era meu filho”, pensamento fixo a partir de agora,enquanto isso todo processo de adoção estava sendo redigido e faltaria só o registro original do nascido, mas para isto precisávamos do documento de alta do hospital. Tudo pronto e a espera do nosso Lucas.
No dia 16 de abril do ano de 2003, Lucas recebeu alta da maternidade, fui buscar a biológica pois só ela poderia fazê-lo, nestes casos de adoção pessoal, onde a mãe define à quem quer dar seu filho em adoção é bom que não deixe esta informação “vazar” no hospital, com isso pode ser que retirem a criança e a encaminhem para a fila nacional de adoção, embora o direito de escolher em prol de quem a mãe abre mão do pátrio poder só diga respeito a elas, não podemos por em risco todo processo por não cuidarmos certos detalhes.
Na hora da entrega, lembro bem da frase da genitora , “Toma fofa pega teu filho”, esta mãe foi de uma abnegação incrível e passei a amá-la deste momento em diante, ela me deu o maior presente que alguém pode dar a seu semelhante, me deu a Vida novamente.
Jamais alguém vai me ouvir falar qualquer coisa pejorativa daquela mulher, quero que meu filho saiba que foi gerado por uma mulher incrível que abriu mão de sua convivência para tornar nossas vidas sublimes nos termos do amor, ela o amou tanto que o entregou a quem o amaria como a própria vida, eu a amei pelo real sentido que deu ao meu viver e com isso amei meu filho com toda força da minha alma, farei isto enquanto eu viver, por que foi gerado na minha retina e escolhido por Deus pra na minha vida ficar.
Os tramites legais foram todos encaminhados ,tivemos a entrevista com a assistente social que deu o parecer ao juiz , levamos a genitora pra que declarasse nos termos da lei em audiência sua vontade de entregar o filho em adoção aquele casal específico, depois disso o juiz deu 10 dias para uma possível reversão, tivemos então a guarda provisória e ao final do processo , que levou 4 meses saiu a certidão definitiva com o registro no nome dos pais e avós como em qualquer outro documento.
Este processo é cheio de angústias, mas fazendo tudo nos termos da lei, temos a garantia de que realmente nada pode nos tirar nosso pequeno ser, adoção é irrevogável e esta garantia nós temos na justiça brasileira, nada paga esta tranqüilidade.
Para quem acompanha o blog, na última postagem contei a história do meu Matheus, nesta, a chegada do Lucas, e se repararam na data das duas histórias, notarão que meu primeiro filho nasceu dia 16 de abril de 2002 e que o segundo chegou na minha casa e entrou em minha vida no dia 16 de abril de 2003,coincidência? Predestinação?
O que posso dizer de todo coração que a adoção de uma criança é realmente providência divina, astral, chamem do que queiram, mas nenhuma criança chega em nossas vidas por acaso, e não seríamos capazes de amá-la mais apenas por ligação sanguínea.
Digo a todas as mulheres diabéticas que não tiveram sucesso em suas gestações ou que são orientadas a não arriscar uma gravidez, seja qual for o motivo, encham seus corações de coragem para aceitar as inúmeras vidas que aguardam seu peito aberto para recebê-los e na sua vida ficar para enchê-las das mais maravilhosas alegrias.
Algumas mulheres não são capazes de gerar vidas ou não querem correr o risco de prejudicar sua saúde e então assim não poder cuidar de seus filhos. Mas toda mulher que deseja profundamente ser mãe o pode fazê-lo, são os olhares apaixonados entre nós que nos fazem mãe, as noites zelando seu sono, a angústia dos chorinhos de cólica ou apenas do dente que já vai nascer, a primeira palavra é nossa, o primeiro passinho sem nossa mão a guiá-los, o primeiro xixi sem fralda, enfim, isso nos faz mães e nenhuma ligação é mais forte que esta , lhes garanto.
Não tenham medo !!!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Meu primeiro anjo


Meu primeiro anjo veio com o primeiro casamento, já com 23 anos resolvi sair de casa, pois não aguentava mais todo mundo dizendo o que devia ou não fazer e as preocupações dos meus pobres pais com a filha "doente" achei que saberia cuidar melhor de mim sozinha e resolvi juntar os trapinhos.
Com todo stress da mudança e vida nova, má alimentação, cuidados com a casa, as contas, descompensei de novo, tudo outra vez, emagreci, tive várias infecções e no segundo mês de casa nova veio a notícia, estava grávida de novo, mais uma vez o misto de sensações tomou conta de mim e a mesma impressão de fracasso me invadiu e chorei de pavor, mas eu estava muito feliz.
Começou então a maratona de exames, ecografias, e consultas para garantir que meu bebe fosse saudável e que minha saúde fosse estabilizada até o final da gestação.
Os meses foram passando e eu cada vez mais encantada com cada fase dessa nova vida, até que no exame de analise morfológica perto do quinto mês meu mundo caiu, meu amor tinha todos os problemas que um bebe poderia suportar... Tinha microcefalia, não tinha o ,rádio do bracinho direito , não tinha a válvula mitral, enfim , o pesadelo me rondava novamente e pensei ter que passar por tudo de novo o médico aconselhou-me interromper a gravidez. Mas quem é que decide sobre a vida? Com certeza não era eu, eu ficaria com meu filho fosse ele como fosse eu estaria com ele até quando suportasse viver.
E foi assim por todos os meses seguintes, segui com minha gestação, sofri demais com as hipoglicemias, tinha convulsões e sofria com o ganho de peso, e embora soubesse que meu filho não poderia sobreviver eu o amava e não me importava com sua aparência e problemas, eu só queria vê-lo vivo por alguns minutos para poder beijá-lo uma só vez. E foi assim que ocorreu, meu Matheus nasceu no dia 16 de abril de 2002 e seu diagnóstico foi de anencefalia, deram-lhe 3 horas de vida quando nasceu e quando vi seu rosto que para maioria não era uma imagem muito agradável pra mim era o bebe mais iluminado do mundo e assim ele conquistou a todos, médicos, enfermeiras e a família que o recebeu com todo amor do mundo, estavam todos dispostos a dar o apoio necessário para aquela passagem difícil, ele iluminava o berçário era o que diziam todos. O tempo de vida foi de 3 horas depois de três dias e assim prorrogado até que completou 10 dias de vida.
No dia 26 de abril de 2002 cheguei à UTI infantil ele estava com minha mãe e ela muito preocupada com sua falta de ar, no princípio, assinei um termo de que meu filho tivesse uma parada respiratória ou cardíaca não o reanimaríamos, pois já era seu limite, mas o conforto seria mantido durante todo tempo, então quando cheguei à saturação dele stava baixa e a enfermeira não queria aumentar o oxigênio, bom eu não achei aquilo confortável e aumentei um pouco a Dra me chamou e proibiu de fazer aquilo por causa do termo, liguei para sua pediatra e tratamos de fazer assim sempre que baixasse a saturação ate que ficasse em sete o oxigênio, depois disso seria pior para ele e já seria sinal de que seu limite chegava ao fim. Foi o que fiz até que meu amor chegou ao seu limite de forças.
Foi quando pedi que tirassem todas as sondas e a roupa para deitá-lo no meu peito na minha pele fiquei segurando-o e pedindo que não tivesse medo que ainda estaria com ele, pedi que fosse em paz, que ficaríamos bem e felizes pelo tempo que desfrutamos da sua presença. Ele ficou lá e deu só um suspiro, foi à experiência mais incrível da minha vida, tive outro depois, mas até aquele momento não sabia o que era amar de verdade. Queria talvez ir com ele ou no lugar dele, qualquer coisa que o fizesse tranquilo e sereno para não mais sofrer.
Por isso não quis interromper minha gestação, por isso não me arrependo de nada. Mas teria me cuidado mais para talvez estar com meu Matheus até hoje comigo, deixo aqui a advertência a todas as jovens diabéticas que planejem bem suas gestações e que não tenham medo de engravidar por que somos capazes de gerar filhos lindos e saudáveis se acatarmos todas as orientações por mais exageradas que possam parecer no momento.
Meu segundo anjo eu conto depois...

Primeira conseqüência ruim


Desde pequena sempre tive um objetivo, o mais forte dentre todos era o de ser mãe, e confesso que o fato de ter ficado diabética sempre me deu medo,mas sempre fui orientada a manter as coisas sob controle que com planejamento tudo poderia correr bem. Mas, é claro, não foi o que fiz.
quando tinha 20 anos namorava um garoto de 18 e o namoro corria bem , mas eu na ditadura da magreza continuava a descompensar a glicose em busca de continuar magra , fazia uso de anticoncepcional mas mesmo assim acabei engravidando sem querer, a notícia veio com muita dicotomia ja que a alegria de ter o sonho realizado se misturava ao medo da minha total irresponsabilidade em relação a minha doença. Me lembro ter chorado e pensado e agora? O bebê vai nascer doente. Tudo foi correndo bem e me dediquei a cuidar de forma exemplar da minha saúde para que meu filho nescesse bem.
Foi quando já com 25 semanas de gestação tive a noticia de a gravidez havia sido intenrrompida naturalmente e que não seria mãe, precisando fazer atal curetagem para evitar problemas de ordem maior.
Esta foi a experiência mais traumática que eu já havia enfrentado até aquele momento ...eu tive raiva de mim, da minha doença, do meu corpo, e tudo que eu havia evoluído no tratamento foi mais uma vez por agua abaixo.
Esta foi a dificuldade mais dificil de superar eu realmente não queria a responsabilidade do que havia acontecido, mas embora não tenha sido proposital a conseqüência era devido a minha falta de responsabilidade sim.Isto era dificl superar.
O tempo passou e mais uma vez me recuperei as coisas foram bem e consegui novamente recuperar o prazer de viver mesmo com as limitações.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Alto preço


As atitudes impensadas na minha juventude custaram-me muito caro depois aos poucos vou contar das bobagens que fiz ao longo da minha doce vida diabética, mas agora quero falar do que tem me atrapalhado hoje.
Desenvolvi a forma mais grave da Neuropatia... Neuropatia autonômica puxa isso tem sido difícil, tenho me sentido muito mal... As dores tem me atrapalhado a rotina, realmente mexe com todos os sistemas do corpo.
Tenho infecção urinária de repetição, gastroparesia, enxergo muito mal à noite, dores constantes nos pés e nas mãos a tal síndrome do túnel carpal (olha que nome chique).
Atualmente uso a LANTUS e APIDRA e senti muita melhora na minha qualidade de vida, bom as hipos me largaram de mão, e a fome Tb me abandonou com a melhora da glicose, agora busco alívio desta complicação e não me deixo nunca abalar por situação que mesmo não querendo são de exclusiva responsabilidade minha.
Ah se soubéssemos que o que ouvimos dos médicos sobre as complicações silenciosas eram todas verdades absolutas não teria feito descaso de todas as advertências que recebi.

Na continuidade conto mais das minhas experiências e nelas cada um vai se enxergando...

Até...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A notícia


Adolescente gordinha 17 anos de idade passei a minha juventude toda odiando o fato de ser gorda, dietas mirabolantes remédios milagrosos , inclusive com veneno para ratos, até que o cenário mudou...de repente do nada comecei a perder peso , muito peso e comendo cada vez mais, muito doce, e cada vez parecendo mais faminta, a sede era insustentável, e as idas ao banheiro eram cada vez mais constantes.
até que veio o diagnóstico...DIABETES... na hora não entendi muito , afinal só tinha visto pessoas maduras , entre elas meu pai com "diabetes" Não podia ser, era muito jovem mas por enquanto tudo era novidade.
veio o tratamento, e com ele as limitações, doces ,alcool, alimentação especial,cuidados antes não necessários.
Comecei com insulina NPH e Lispro tudo muito extranho e novo mas as picadas não me incomodavam , os testes sim odiava fazer toda hora a medição(confeço que até hoje sou relutante) e com tudo isso aconteceu que minha perda de peso , desidratação na verdade começou a controlar e a recuperar a velha forma isso foi uma decepção por que até então a única vantagem deste novo cenário era meu emagrecimento.
Foi então que começaram as rebeldias.